quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Internautas marcam protesto em SP contra proibição do Counter Strike

FELIPE MAIA
da Folha Online

Blogueiros marcaram para o próximo sábado (2) uma manifestação em São Paulo contra a medida judicial que proibiu a venda dos jogos Counter Strike e EverQuest no Brasil. O evento está previsto para ocorrer no vão do livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), localizado na avenida Paulista, às 11h. O objetivo dos manifestantes é fazer com que a decisão seja revertida.

A venda dos jogos Counter Strike e EverQuest foi proibida em todo território nacional. A decisão foi tomada por um juiz da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais em outubro e começou a ser cumprida em meados de janeiro, em Goiás, pelo Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).

Reprodução
Segundo blogueiros, decisão do juiz é "arbitrária" e "visa tirar a sua liberdade de escolha"
Segundo blogueiros, decisão é "arbitrária" e "visa tirar a sua liberdade de escolha"

De acordo com o juiz, os jogos "trazem imanentes estímulos à subversão da ordem social, atentando contra o Estado democrático e de direito e contra a segurança pública, impondo sua proibição e retirada do mercado".

Na últim terça-feira (22), atendendo a decisão judicial, a distribuidora EA (Electronic Arts) suspendeu as vendas no Brasil das versões Counter Strike Source e Counter Strike Anthology. O EverQuest não é comercializado oficialmente no Brasil.

Liberdade

Em um manifesto que circula na rede, disponível no blog Liberdade Gamer, internautas classificam a decisão do juiz Carlos Alberto Simões de Tomaz como "arbitrária", e que "visa tirar a sua liberdade de escolha".

"Alegam que esses jogos são nefastos e podem causar danos a crianças e adolescentes, mas atroz mesmo é tirar dos pais o poder de decidir o que é melhor para os seus filhos e quando. Alegam que os jogos fazem mal e, portanto, devem ser retirados do mercado. E quanto ao cigarro? E quanto à bebida? E quanto à venda de armas de fogo, não pudemos votar em plebiscito se teríamos ou não esse direito?", afirma o manifesto.

Pacífico

Diante desses argumentos, os blogueiros pedem que as pessoas participem do "manifesto pacífico contra proibição de jogos, o manifesto pela liberdade gamer", chamando inclusive pais e responsáveis para o "ato de cidadania pró-democracia".

"Queremos que as pessoas entendam o nosso lado. Como cidadãos temos o direito de decidir sobre o que nós compramos", afirma um dos organizadores do evento, o blogueiro Gustavo Lanzetta, que tem 17 anos --idade inferior à classificação etária estabelecida para o jogo (18 anos).

De acordo com o texto, o manifestante que desejar pode levar placas ou ir vestido "a caráter" --uma camiseta com o símbolo do CS ou do EverQuest ou qualquer tipo de roupa que lembre os games.

Apesar de a medida proibir apenas a venda dos jogos --o que não exige que as lan houses os deletem--, Lanzetta considera que a medida prejudica os jogadores. "Já deu resultado. A EA [Electronic Arts, distribuidora do CS] já tirou das lojas. Tem como as pessoas comprarem, mas não é bom que elas comprem por meio não tão legais, que o governo não sabe que existem", afirma.

Os jogos

O Counter Strike surgiu como "filhote" de outro game, o Half-Life, no final da década de 90. Sua trama divide os jogadores em equipes. É preciso eliminar os adversários à bala.

Apesar de ser menos conhecido, EverQuest é considerado um clássico. Nos moldes do RPG ("role playing game"), o jogo on-line se passa num mundo fictício com ares de Idade Média. Para os jogadores, esses games servem também como ponto de encontro, numa espécie de rede de relacionamentos com disputas.